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A QUARTA MANHÃ
POESIA
N.º 39/40
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Vem! anda! vem e vê
O nascimento.

E tu sais para a varanda larga
e para o teu jardim suspenso aéreo.
Guiado pelas mãos que conduzem
Os teus passos estremunhados.
tu vens ao ver, tu testemunhas o que
vês te interrompe:

o fogo puríssimo acende o rastilho da luz
E dobra com o incêndio a dobra de uma nuvem
mais escura que se imobiliza no céu à esquerda.

O fundo das águas ou puxa para baixo
ou faz subir num elevador abstracto
enquanto mantém mergulhadas na sombra
as indistintas copas das árvores
da outra margem.

Tu pressentes a oficina
onde se prepara o fogo do dia
por detrás das nuvens que voam
esbranquiçadas nos céus da direita.

Nada ainda rompeu este silêncio
espesso e denso que vem durante a noite
acumulando-se e desdobrando-se
ao longo da noite do teu corpo.

 
 
Relâmpago n.º 39/40
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