<
TAVIRA 2017
POESIA
N.º 39/40
<

Nesta secção dos jardins da cidade branca,
do sul avistas da tua varanda
entre o casario branco
as ferragens e o negrume das árvores
cinco candeeiros altos e redondos e amarelos

Um deles mergulha no lago da piscina
pé ante pé a noite desceu as escadarias do dia
as suas mãos elevam lentamente as bainhas do vestido
que consigo traz pintadas as estrelas do universo escuro.

A luz de que é feita a esfera de vidro
do candeeiro redondo
tem uma gola arborescente e abre com ela
a profundidade da luz e o peso do volume com que
a luz se afunda na água quieta.

Sobre a superfície da água, a Noite
estende o seu vestido pintado e balança
a cabeça como quem duvida da sua percepção

A fonte fria
na manhã clara
é de qualquer modo
o foco da luz que te chega aos olhos.

 
 
Relâmpago n.º 39/40
<