<
A IMAGEM
POESIA
N.º 39/40
<
>

Súbita como a deusa
Cega e bela e incompleta, a
imagem
– de que o relâmpago recebe a sua forma relampejante/
/a imagem
matinal sobre
esta praia espantada,
o teu doce corpo uiva e converge com
a tempestade eléctrica que te açoita
a alma
e a asa branca que voa por entre a tua intensa
cabeleira violeta
– ó burrié, que te constelas alto
na noite azul e
azul.

– e tu vibras acre e doce, ó meu loiro burrié
E comandas as marés que vão e
Vêm – intermitências do amor
Num mar que a luz escurece nesta
Praia negra.

Os riscos e os animais pequenos (sempre as aranhas, ou os
====outros) bichos
que dependurados na sua raiz se formam, que se inscrevem (como testemunhas)
que separam e reúnem (como agentes ou operacionais) os ====ecos da tua discreta manhã hospitalar
– já não hospitaleira como querias crer;
Mas o quê?
Com a calma que descia no elevador

Que dividisse os vários brancos do mundo das coisas
que, sob o sol, conhecem também a noite.
Aí? (onde? E de quem?)
De noite ou no mundo ao sol, que também a conhece?
O mundo das coisas ao sol e de noite era para onde eu
Queria apontar.
Aí – >

por aquela mesma imagem reflexa que se divisam os ramos

Como a deusa que desce – cega
e bela e incompleta, no elevador matinal
sobre a praia espantada, a imagem, que dela
recebe a forma Do relâmpago

 
 
Relâmpago n.º 39/40
<
>