<
AO ENTRAR NO BAR
FERNANDO LUÍS SAMPAIO
POESIA
NO Nº29/30
<

Deixa a tua mão renascer na curva
Da paisagem, nos alicerces desertos
Da paixão – como as longas cartas que escrevias –,

Deixa que os lábios sobrevoem
As palavras incapazes de alegria
– que me calaste no auge do beijo –,

Deixa, por uma vez, que tudo flua
Como o fogo na minha mão
E se escoe pelos corações mais queimados
Pela vida.

Deixa, numa manhã assim,
Sem razão aparente e aparada
Nas pontas, que a tua mão
Corrija a órbita desta paisagem

Que prenuncia a indecifrável
Respiração da morte.

 
Relâmpago nº29/30
<