V O Z
Olhamos à
volta e não sabemos bem do que se trata. As mãos
estão imóveis há algum tempo. É dentro
delas que cabe
tudo o que é nosso. O rumor que chega com o vento torna-se
maior
ao repararmos agora nas folhas. Alguém principiou a chamar-nos
e é devagar que repete o mesmo nome, como se houvesse nos
olhos
qualquer sombra porque assim é tudo o que se ignora. Ao longe
só ele pôde ver como estão os caminhos separados
e as ondas
se dirigem ao encontro de outras praias. Ficou ali suspensa
uma luz desconhecida, agora recortada pela neblina que veio
com a manhã: quem se encontra sozinho talvez conheça
melhor
o seu segredo. De novo se fecharam as nossas mãos. Há
uma árvore que desperta com a sua forma pesada e simples.