Uma multidão
de que te alheias.
Vozes sobrepostas
destroem o sentido
e a tua inclinação
por ideias de ordem
desvia-te para um lugar escuro, silente
(assim o pressentes),
uma sala do lado esquerdo,
ao fundo, onde ninguém está.
Em rigor há uma luz dispersa,
uma atmosfera de encanto
e morte.
Um espelho espreita.
Os circunstantes degladiando-se
num arremesso de vozes.
Estão nele, são espreitados.
Sonhas a armadilha que o voluntário
espelho revela. O tempo
suspende-se
sob o efeito de um sortilégio.
Nessa sala onde a obscuridade
não é total (os olhos vêem mais
depois da atenção),
a multidão a
teu lado, sitiando-te,
é engolida pela perseguição
geométrica.
Antecedes o momento
em que o mundo acaba
e uma fúria de vitorioso esquecimento
apaga os despojos
das irredutíveis vozes
e a imagem do teu rosto
perseguindo o jogo perseguidor.