Quando escreves com uma das mãos prendes
o papel, que a outra vai lavrando,
semeando a palavra e a turbação
no impulso que excede
a força que as unifica e as separa,
sob a luz a prometer que teu ardor
ausculta um chão ávido e volátil.
Tua destra segue o coração, prolonga-o;
a outra, mais perto dele um infindo nada,
nunca se distancia nem alheia
da matéria da fala
que, em tenso adágio ou numa tempestade,
de teu sangue transbordam, incorporam
desejo e posse, ruína e despedida.