Que estranha
visão terá de ti
o rio que passa
e ao qual os poetas inutilmente oferecem
areias de ouro e de Byron?
Umas vezes
oblíqua aos olhos de quem ama
a liquidez das cúpulas sonoras
onde ondulam as casas
na sua pulsação
nervosa e feminina.
Outras vezes
erecta e pombalina
talhada para letras
de câmbio
velha receptara
e hoje só senhora
dum tempo fixo e mudo
indiferente à pedra.
Mas mais das
vezes crespa
nas ondas ruidosas
erguidas da terra ébria
vasto espelho de bar
para novas aventuras.
E na boca do
fim
à beira
de um mar de quem não teve infância
só os monumentos
eventos
ventos da distância.