Eis-me, cutelo: um cordeiro sobre a mesa
aguardando o momento em que a tua voz
falar mais alto do que a minha
– o desfecho que se espera de nós quando
os nossos destinos se juntarem num destino só.
Eis-me enfeitado de flores para a degola.
Por guarda, tenho um anjo sorridente,
que à primeira vista dir-se-ia compassivo,
mas garante com dolo a minha submissão.
Eis-me: as patas atadas, como quem não deve
caminhar senão em direcção à morte.
Eis-me: oferenda sem delito requisitada por Deus.
Que este ar de riso, cutelo, não te iluda:
não espero morte que não seja litigiosa.
Este é apenas o meu modo de inconformidade.