Outra praia, outro dia. Nadam ele e ela. Já
na areia, rompem-se os votos. Separação.
Todo o prazer dos nossos corpos e toda a
força de noventa dias dourados em cada
braçada que nos afasta e aproxima, com
a dúvida que haja um antes e um depois.
Sais da água, vejo-te os olhos e a realidade
externa que invade o espaço que tentámos
criar. O bem é frágil e a sombra latente
irrompe, como não pode deixar de fazer.
De improviso não somos quem éramos, o
meu discurso é vazio e o teu vazio é discurso.
Dizes-me: “Contar as histórias dos outros
é falso e ridículo como mentir em voz baixa.”
Termina a ficção, como sempre por haver
um fim para as palavras, para o tempo que
deixa de se suster. Este amor não sobrevive
aos sussurros discretos de que foi feito. |