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O SOM
SÉRGIO NAZAR DAVID
POESIA
N.º 33
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Quando um som fica no ar (onde
já não estamos) ele existe.
O som sozinho não é o mesmo de

quando em sua mudez o vazio
ergue muros, vácuos, hiatos,
intermitências, a que chamamos

silêncio. O som sozinho na caixa –
por exemplo – é o grito do
esquecimento. O som sozinho

no corpo é o remoer da vida
querendo. O som sozinho do mar
é nunca poder chegar.

Existe o som sem dono. Existe
o som sem casa. Existe o som sem
norte, sem mãos que o toquem.

Existe o som sem ouvido.
É como soa em nós
tudo que ouvimos ontem.

 
Relâmpago n.º 33
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