“La ville s’endormait
Et j’en oublie le nom”
Jacques Brel, 1978
escrever sobre um campo de couves
nas folhas toscas e grossas
pesadas de chuva
escrever sobre as cores do asfalto
o branco cinza das noites nórdicas
partir para a enorme cidade planetária
essa cidade única onde vivemos condenados a
tragar o velho modernismo apoplético
arquivo repassado de pessoas
escrever sobre um campo de couves
Herculano esquecido do romantismo
entre as urtigas cava bem fundo:
em vez de couves
há cadáveres esquisitos
ali mesmo no bairro do vazio
com gente exausta de desejo
nem tudo está perdido
domingo irei para as hortas na pessoa dos outros
contente da minha animosidade
alinhavos
baquelite
fumo azul
seria uma vida paralela mas passou o momento |