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VERDE
ROSA MARIA MARTELO
POESIA
NO Nº31/32
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2.

A manhã trouxe o calor por que esperávamos há tanto tempo. Algumas árvores arriscam um pouco de verde, muito pouco ainda, a antever a diferença que haverá amanhã, daqui a dias, as grandes copas cheias de folhas. Mas tudo se passará quase imperceptivelmente, e não como na passadeira, antes de atravessar a rua: «para obter o verde, carregue aqui». A grande fábrica de verde é lenta, trabalha a desoras, no escuro, e não tem (felizmente) nenhum comando à superfície.

 
De: "A ponte afunda-se no rio"
Relâmpago nº31/32
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