Estas casas suburbanas assustam-me:
metamorfose contígua, cópia repetida
com as suas lâmpadas fluorescentes
à janela, os televisores escancarados
na bola ou na culinária e se olharmos
com atenção, os comandos impecavelmente
sujos e gordurosos, e uma cerveja barata
em cima da camilha.
Até o branco picado e sujo da parede,
o autocarro vermelho passando cá fora
na indistinção do tempo e do espaço
do que é vizinho e se avizinha:
tudo me fere como se a chuva miudinha
caindo lá fora fosse ténue rajada
de corrosivo ácido, criando crateras
nas minhas faces:
Creio que é por isso que as raposas saqueiam
os lixos suburbanos, silenciosamente,
nas noites londrinas. |