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DO ARTIFÍCIO
RICARDO MARQUES
POESIA
N.º 36/37
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É de artifício, este fogo,
esta cidade. Alguns lhe
chamariam poema,
princípio ou promessa,
mas a sua técnica é a de
ser isso tudo e não ser
nada afinal. É que o
fogo queima, como a
solidão. Não a das
cidades, habitadas pela
sua desumanidade
apinhada, mas a da
distância. Infatigáveis,
os passos de quem as
pensa: O que se aplaude
no fim, se nada se vê?
As palavras, soltas no ar
a grande velocidade,
trovões que resplandecem
na noite escura como estrelas
indicando um desfecho.
Por ora, a névoa, como
artifício, velada,
anuncia um começo
possível, o caminho.



Trafalgar Square, 1-1-2013

 
 
de Metamorfoses
Relâmpago n.º 36/37
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