Não
digo do Natal digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exacta
nas mãos que não sabem de que cio
nasceu esta
semente; mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos
por dezembros
cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,
e as cores
da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura
De: Memória
Indescritível