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O ADOLESCENTE AZUL
NO JARDIM DE PACHUCA
NUNO JÚDICE
POESIA
N.º 39/40
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No jardim, a adolescente azul subiu
para um tronco de árvore e deixou que
a fotografassem. Os seus olhos fixaram
primeiro a objectiva, depois a cúpula
do edifício à sua frente, e finalmente
a sua própria alma, como se os olhos
pudessem ver o que acontece dentro
de nós. Nas mãos, o ramo de flores
descaiu quando os seus braços, de
súbito, pareceram perder a força. O
sorriso desfez-se, nos seus lábios,
por um instante, até o rosto
voltar a erguer-se para um céu em
que passavam algumas nuvens,
as mãos agarrarem as flores,
e o azul do vestido regressar ao
seu corpo, como se o tempo tivesse
deixado de correr pela sua vida.

 
 
Relâmpago n.º 39/40
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