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'INTO THE LABIRINTH'
(DEAD CAN DANCE)

MANUEL FERNANDO GONÇALVES
POESIA
NO Nº31/32
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Só não entendo é como cruzas
a voz quando, por acaso, passo
a caminho do labirinto como,
ao sair de casa, nunca perco tempo
a sair de casa para uma rua qualquer.
Peço-te, regula a visão: calcula
o ritmo, a pressa de me perder
a caminho, fortuito caminho,
de te encontrar no meio do grito,
da dança crucial, do eixo axiomático.
Brindo a ti, e é esse o gesto principal,
no mesmo sentido em que me despenho
no alvoroçado vazio dos sentidos,
logo antes de saber que me destino
ao labirinto, à terra firme da incerteza.
É, afinal, a síncope o sentido: não
da curva romântica do olhar
mas do que enuncias se, no movimento,
te misturas à confusão do cálculo.
Uma fórmula para a velocidade: era
esse o segredo mal guardado, afinal
qualquer coisa de fora, ali tão à vista.
Só não encontro a entrada
do labirinto.

 
Relâmpago nº31/32
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