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S O B R EO I M A G E N S OD E OAO I N F Â N C I AO
D EO I V A N
OD E OA N D R E I OT A R K O V S K Y

 

Depois de lhe ter cingido a corda,
Ivan escuta o sino.
À sua volta agitam-se
sombras.
Uma água escorre pelas paredes.
Qualquer coisa de brutal
invade o seu sonho.
Ivan persegue-a:
vozes distantes suplicando
a vida.
Só se lhe vêem os olhos
a serem sagazmente
destruídos por uma inocência
desfeita.
O ouro dos cabelos
usurpando a escuridão.
A densa floresta de bétulas.
Executado. Ivan,
ave agonizante
num relatório de mortes consumadas.
Abandonou o medo. Sabia-o
pela estranheza da sua solidão.

 

De: Embriaguês e Simetria

Luís Quintais
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Relâmpago nº4
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