P O L A R O
I D
Pela tarde
o céu a terra
e mesmo tu formam uma densa pasta
de nuvens.
Recordo a tua boca, as tuas pernas
em arco sobre o penedo quente.
Os poços
entram em colapso,
o verão arrasta multidões
para as ravinas do lugar comum.
O chapéu
descaído
protege-te os olhos
que se movem com translúcido torpor.
Agora que passaram
séculos
sobre esse único beijo estou
sem vontade de fingir
a relutância
do meu desejo. Esta polaroid, já seca,
encena também a minha morte.