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*


Junto à praia,
estacou.

Perguntando-se: entrar
pelo mar dentro
fá-lo-ia mais largo
e generoso
– ou era melhor
roubar as asas desse
e voar
pelos céus

Retraídas as garras,
estacou


*


E sem pensar
no que seria o vento
a balouçar em ciprestes de sol,
penetrou na primeira
onda de luz

Mas não ficou mais largo,
nem melhor,
nem com maior coragem
de se dar

 

*


Pensou então
no outro

De como serviriam no seu pêlo rente,
no seu olhar de trespassar prisões,
de rasgar barras,
ou na sua cabeça tão perfeita,
de orelhas muito breves,
mas capazes
de ouvir a mais fugaz
das mais serpentes
– como lhe serviriam
essas asas

Voar pelo céu todo
e ser mais que
feliz

[...]

Ana Luísa Amaral
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Relâmpago nº10
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