<

A OA R T EO D EO S E RO T I G R E

 

Dizem haver amores para lá dos sentires contidos pelo tempo. Momentos perfeitos de toques de riso, pequenos sabores, ou, também muito pequenas, nuvens. Ainda, infinita, a tortura. Como poeira cósmica, as etimologias são coincidentes. E assim, é tão possível ter nas mãos o pesadelo como o paraíso. Tal é o peso da metamorfose.

Aldo Mathias (1939)

 

Do ponto mais recôndito
da mente,
um tigre salta em direcção
à luz:

para depois retroceder
o gesto,
estacado membro
e som

Fere-lhe o vento
uma flecha de azul,
um recanto onde o tempo
mais se apega,
até iluminar toda a
clareira

e sobressaltar
tudo


*


Entre morrente
e garras como flechas,
hesita-se de espanto:

sem saber da razão
do renascer

Que o azul lhe foi todo,
e estrelas: largas,
e um bolso cheio de amor
pela clareira
Agora:
só savana
em estado liso:

>

Ana Luísa Amaral
<
>
 
 
Relâmpago nº10
<
>