Um filme de Robert
Bresson mostra um iate
à noite no Sena
todo iluminado, observam-no
dois jovens, aparentemente
pobres, de uma ponte adjacente,
os clássicos rapaz e rapariga
de todas as histórias que vale
a pena contar. Passaram-se
uns anos, é claro, mas
identifiquei-me com o jovem
francês amargo,
conheci a sua angustia quase
complacente e a distância
a que se sentia da rapariga.
E um outro filme
de Bresson tem
um Lancelot envelhecido com a sua
armadura desastrada no meio
de um bosque de árvores baixas,
atordoado, sangrando, tanto
ele como o cavalo,
tentando voltar ao
castelo, ele também
tão pequeno. Comoveu-
-me que afinal
a vida fosse mesmo
assim. Estás
apaixonado. Estás
num bosque, com um
cavalo, ensanguentado.
A história é verdadeira.