Índex
O poema

Armando Freitas Filho

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A minha pretensão é que o poema acima mostre o quanto a influência da cinegrafia de Jean-Luc Godard está presente, dentro dos meus limites, na minha composição poética. Afinal, em 1962, ao ver À bout de souffle em duas sessões seguidas, única vez que fiz isso na vida, fiquei fascinado com os jump cuts libérrimos, a pegada rápida da encenação, dos diálogos inusitados e da música insinuante, que pontua, na conta certa, o filme. Seu personagem gideano, existencialista, camusiano, Michel Poiccard, aka, László Kóvács, me pareceu ser o Citizen Kane da minha geração que tinha um caso aflito e conflitante com Patrícia, americana liberal e insidiosa. O que teorizo aqui transparece, na medida do possível, em “Cinepoeta” e na minha poesia em geral, inquieta e súbita por causa de Godard, desde que levei um susto quando vi seu primeiro longa-metragem, veloz e incisivo, há 54 anos.

 
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